terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

14º Dia - Hora de descer o morro, vamo que vamo!


Amigo da estrada, argentino esta descendo desde a California até Buenos Aires


Palca em la Quiaca, Ushuaia logo ali...


Amanhacer no altiplano boliviano, flamingos e lhamas, imagem incrivel

Hoje o dia começou muito cedo, pois como estou sozinho e tendo ouvido vários comentários sobre as estradas da região, resolvi fazer um caminho mais longo, porem com mais recursos em caso de alguma necessidade, pois são estradas que estão em obras, assim sendo o movimento dos próprios carros e caminhões da obra é intenso. Isso me acarretaria em um aumento de algo em torno de uns 300 km na viagem, porém por segurança isto se torna até pouco, sem contar que esta estrada mais curta, todos me desanimaram, dizendo que não há nenhum tipo de manutenção nela e como estamos na época de chuva, está terrível.
Dormi cedo e fiquei pensando no que fazer e quase não consegui pegar no sono, eram breves cochilos e logo acordava, o que me fez sair ainda escuro de Uyuni.
Na verdade foi incrível, pois pude ver o sol nascendo entre as montanhas da cordilheira o que se tornou um atrativo a mais na viagem. No caminho era possível avistar o pessoal recém indo levar seus rebanhos de Lhama para o pasto e quase não peguei movimento na estrada até Potosi, pois era realmente muito cedo.
Ao longo do caminho outras belezas foram aparecendo, como um lago repleto de flamingos.
Como não tinha havido chuva nos dois últimos dias a estrada estava bem melhor que na ida e portando o tempo de viagem ate Potosi diminuiu em quase 1 hora, que foi gasta depois no trecho até Tupiza.
Chegando em Potosi, novamente precisei de ajuda para saber onde era o caminho para Tupiza, e mais uma vez comprovei que na Bolívia além de não haver quase nenhuma placa de sinalização, quase nenhuma mesmo, as pessoas também não conhecem muito as coisas por lá, porque se tu pedir uma mesmo informação para duas pessoas para o mesmo caminho numa mesma quadra é possível, e aconteceu, que uma te mande seguir em frente e a outra voltar, coisa pra deixar qualquer um em parafuso, porém a sorte mais uma vez me acompanhou e em minutos estava na ruta em direção a Tupiza.
A estrada estava muito boa até uns 40 km depois de Potosi, porém depois, eram um horror, aqueles mesmos problemas de obra, desvio pra lá e pra cá, uma poeira só, sem contar as Lhamas, cabras e buracos ao longo do caminho, assim como os dezenas de caminhões da obra.
Cheguei em Tupiza, por volta das 17 horas (Brasília) e ainda tinha mais uns 150 km até Villazon e duas aduanas antes de conseguir entrar na Argentina.
Chegando em Villazon, o susto, pois deviam haver umas 100 pessoas na fila da Aduana, o que de certa forma me desanimou um pouco, porém não havia o que fazer, tive de enfrentar mais esta.
Aquela aduana é muito diferente das que conhecemos na fronteira com os “hermanos”, pois ali esta todo o tipo de gente querendo entrar na Argentina, gente que realmente esta indo passear, mas também muita gente querendo fugir da Bolívia em busca de trabalho no pais vizinho o que era fortemente rechaçado, pelos policias da fronteira, era comum ver os guardas pedindo para ver o dinheiro das pessoas, para ver se realmente tinham condições de se manter e revistavam tudo, simplesmente tudo atrás de drogas, pois aquela é uma grande porta de entrada destas substancias.
Como fiquei muito tempo na fila pude inclusive trocar algumas palavras com os guardas, que com brasileiros tem um tom muito diferente, bem mais amigável, conheci até um argentino gremista, pode?! Não perdi a oportunidade de dizer quanto tinha sido o último GRE-NAL, pudemos dar algumas risadas conversando.
Quando finalmente chegou minha vez na imigração, tudo certo, segui depois para a fila da aduana, fiquei uns 10 minutos parado na fila até que um agente da aduana aparece gritando, quem é o dono da motocicleta? De pronto respondi que era eu, e ele me disse que estava me procurando, porque minha fila era outra, agradei muito, pois a fila nova era bem menor.
Na aduana o pessoal muito gentil, todos conheciam o Brasil, Torres, Florianópolis, mais um bom papo com os vizinhos e tudo certo. Ao menos eu achava. Quando fui para moto o mesmo agente que me tirou da fila, chegou do lado da moto e me mandou desfazer toda a carga, tive que me conter pra não demonstrar toda minha indignação, pois não havia nada demais na carga, somente alguns presentes, poucos devido ao espaço, roupas sujas e peças da motoca, abri um dos baús laterais e disse a ele que nos outros eram basicamente a mesma coisas. O agente desapareceu e quando voltou apareceu com um cão farejador, que queria muito mais festa comigo e cheirara um carro que estava parado que a minha carga. Ainda bem que não me cheirou muito, já que nos bolsos tinha algumas folhas de coca e uns saquinhos de chá também.
Sai de La Quiaca e tinha planos de dormir em Salta, porem ficou muito tarde para isto e resolvi que se chegasse ate jujuy já estaria muito bom.
Passei por Tilcara a noite estava chegando e ainda estava a uns 150 Km de Jujuy, mas como tinha uma leve possibilidade de chegar em casa já na sexta, andei mais um pouco, mas quase me arrependo. Ao sair de Tilcara, observei que o tempo estava mudando e uma forte chuva estava a minha frente, porem cheguei ate Jujuy sem maiores problemas, mas a cidade estava um caos, lama por todo lado, pedras que rolaram dos morros no asfalto, água e água nas ruas, um horror.
Como tínhamos dormido ali na ida, fui ate o centro e me achei sem problemas. Fui ao banco e tirei mais uma graninha pra garantir e ao chegar no hotel que tínhamos ficado na ida a surpresa, não tinha vaga, mas me indicou um outro, mais perto da saída da cidade, fui até lá e consegui vaga, e ainda deixar a moto no hall sem nem ao menos precisar descarregar, já que na verdade havia inclusive outra moto no hall do hotel. Tratavasse de um argentino, chamado Sebastian, que estava vindo desde a Califórnia, porem tinha sofrido uma queda e estava inclusive com o braço imobilizado. Batemos um papo rápido e fui dormir, pois a noite anterior não tinha me favorecido o sono.
Acontece que este hotel era em uma grande avenida e meu quarto era de frente, mais uma noite mal dormida.
Então só para constar hoje foram 820 km rodados, sendo uns 350 de chão brabo e duas aduanas.
Novamente acabei saindo mais cedo do que imaginava, algo em torno de 5 horas da manha no Brasil. A parte boa, foi novamente ver o sol nascer, desta vez no Chaco argentino e me acompanhou até o Brasil, onde se pos por volta da 21 horas, já em Santiago, próximo a Santa Maria.
Mas isto é outro relato,
Abraço a todos

Um comentário:

  1. Caro amigo, este comentário vai ficar meio perdido uma vez que já estás nos pagos há vários dias, mas eu não poderia deixar de te dar os parabéns pela viagem neste espaço que foi nosso convívio nesses dias de estrada. Teu sucesso tem muito da tua determinação, coragem e uma pitada de loucura que se não fosse assim estarias em casa vendo o mundo pela tv. Não tens ideia de como foi difícil ter que ficar de fora dessa aventura mas sei que outras oportunidades vão surgir e vamos rodar por esse mundão sobre duas rodas com o vento na cara, comendo poeira e levando chuva no lombo que é o que tem graça. Valeu pela oportunidade de acompanhar tua narrativa e não vejo a hora de ouvir tuas histórias, ver as fotos, vídeos e as preciosas informações que trouxeste na bagagem.
    Grande abraço.
    Sílvio

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